domingo, 12 de fevereiro de 2012

|Sometimes I miss you|

    Hoje acordei sentindo uma falta absoluta de você. Fazia algum tempo que não lembrava como é palpável essa ausência e como é afiada a dor que ela causa.

     Durante as últimas semanas tudo que fiz foi tirar sua vida de dentro de mim e trancar todas as boas lembranças e todo o grande amor que senti num local distante do meu coração, pois não estava pronta para lidar com nada disso. Não estou pronta. Tento lidar com o hiato que você deixou em meu coração e em meu cotidiano em doses homeopáticas, um pouquinho por dia, como faria qualquer um lidando com a abstinência. É a forma mais demorada de curar tudo que feriu por dentro, mas não há o que fazer. Qualquer dose a mais e o copo entorna.

    Senti muita raiva. Ainda sinto, pra falar a verdade. Raiva pela forma descuidada que você tratou meu coração. Raiva pelo pouco valor que você deu a mulher que estava do seu lado. Raiva por você ter me feito de boba tantas vezes e eu, com medo de perder e na vã vaidade de querer ser superior, só virei a outra face e continuei a amar desprendidamente, intensamente, com medo de cair, mas querendo alcançar alturas cada vez mais vertiginosas. Tenho raiva ao pensar que posso ter sido esquecida tão fácil. Que provavelmente outra já ocupe o lugar que outrora era meu. Meu reino em sua cama. Sinto um asco profundo só de imaginar outras mãos a tocarem seu corpo, meu saudoso território, e outra voz a murmurar no seu ouvido as bobagens de amor que eu lhe dizia.

    Você não é meu. Infantilmente tento recordar disso. Talvez nunca tenha sido; minha mente maldosa formula essa frase tão cheia de significado antes de eu me dar conta do que ela diz. Amanhã fará um mês desde nossa despedida e quero muito esquecer, só que minha cabeça filhadaputamente boa com datas me impede de deixar isso de lado. Uma sutil tortura que às vezes é quase insuportável.

  Não quero te convencer de nada, muito menos esfregar na sua cara o mal que você inconscientemente me causou. Num geral estou bem até demais. Tenho amigos excelentes ao meu lado, profissionalmente as coisas estão tão bem quanto antes, a faculdade me desanima um pouco, mas ainda amo o que faço e a cada dia descubro mais pessoas ao meu redor que me fazem ver que sou uma mulher interessante e atraente, apesar de machucada. Meu corpo me pertence novamente e poderia fazer o que quisesse com ele, se ele não estivesse tão aflito diante de qualquer toque que não seja o seu. Não sou mulher de brincar com meus sentimentos, muito menos com os sentimentos dos outros, mas às vezes me questiono se os caminhos que tomei são certos. Não quero envolver ninguém em meus problemas - que são muitos, você bem sabe - só que talvez isso seja inevitável. Tenho medo de não ser capaz de corresponder aos anseios e necessidades de outros, mas isso não me impede de tentar as coisas no meu ritmo.

     A falta que você me faz é constante, não vou negar. Mas ela não doi sempre, só quando percebo que há coisas que nunca mais farei, pois elas estão diretamente associadas a você. Doi quando percebo que ainda há um tanto de você dentro de mim e que de certa forma sempre haverá.

     Talvez seja crueldade minha, ou descrença, mas você deve estar melhor sem mim. Seu futuro pouco se alterou com minha ausência: Ainda te vejo tendo uma carreira profissional espetacular e filhos que te amem muito. Só eu é que não serei a mãe deles - e pouco me importa quem será, pois esse destino não me pertence mais, ele é seu. Tenho pra mim que você já deve ter começado a esquecer como era o som da minha voz, as nuances da minha risada e o jeito engraçado que meu cabelo acordava todas as manhãs. Talvez até mesmo o formato e a cor dos meus olhos e lábios pareçam desbotados e meio indistintos em sua memória. E provavelmente você deve levantar as mãos pro céu e agradecer por ter se livrado dos grandes fardos que carrego pro resto da vida. Agora você poderá se envolver com uma mulher normal e sem chiliques. 

    Por mais que me doa pensar nisso, juro, eu não te culpo. Até te desejo felicidades. Sei que você não encontrará alguém melhor do que eu, pois apesar de tudo eu me tenho em grande conta, mas encontrará alguém mais leve e mais compatível com a sua vida. E eu vou viver o que tiver que viver: Sem planos, sem ambições megalomaníacas, apenas um dia de cada vez, procurando minha dose diária de alegria e realização em cada pequena coisa. Os grandes passos só virão, se virão, no futuro. E é melhor assim.

   Boa sorte com sua jornada.

Um comentário:

  1. Poxa, Mi, eu não sabia que vc tinha um blog! x)
    Agora vou viciar *-*

    Que lindo lindo lindo esse post!
    Ah, essas dores persistentes...

    Vou favoritar no meu pra acompanhar!^^

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