sábado, 26 de novembro de 2011

|Painting the roses red|

Curiosidade foi o que sempre moveu Cecília.

Inquieta desde a barriga da mãe, a menina já nasceu dando sustos. Pra começar, ela cismou de querer nascer subitamente, após uma bela noite de Natal. Nasceu pontualmente as nove e vinte da manhã do dia vinte e seis de dezembro de dois mil e quatro, fazendo a felicidade das enfermeiras de plantão.

A família, cansada da correria de São Paulo, decidiu criar Cecília num lugar mais calmo, longe da poluição e do stress, próximo à natureza e à casa dos avós. A menina cresceu cercadas de possibilidades para novas brincadeiras. E foi assim, repentinamente, que a pequena Cecília, agora com quase três anos, decidiu desobedecer as ordens da avó se enfiou no depósito improvisado do avô.

Entrou vagarosamente, com certo medo da luz fraca que quase nada iluminava, e deciciu não ir muito longe, o cheiro de umidade a deixava quase sem conseguir respirar. Olhou em volta, como se procurasse algo, e deparou-se com um belo tubinho vermelho sobre uma mesa velha de madeira.

Movida pela curiosidade, Cecília estendeu o bracinho e segurou o tubo com toda força que podia. Colocou-o na boca, mas logo tirou, pois tinha um gosto ruim. Saiu do depósito e espremeu o tubinho, fazendo parte de seu conteúdo ir ao chão. Parou de chofre, assustada e deliciada com a mancha vermelha no chão. Apertou novamente, se esforçando para deixar o chão todo naquela cor de flor inteligente tão linda. Parou somente ao ouvir o grito da avó, que descia os degraus indignada, o velho tamanco em mãos.

Tal acontecimento se deu na tarde do dia dezenove de setembro de de dois mil e sete, mas a menina Cecília quase se lembrava de tudo com perfeição, num misto de culpa e inexplicável alegria.


Escrito no dia 25/11/11 na oficina
"Leitura, discussão e prática criativa"
do Sesc Belenzinho, ministrada por Noemi Jaffe]

Um comentário:

  1. Isso ficou muito foda... o meu eu não vou publicar... vou guardar pra mim, e pra quem esteve presente rs

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